JT: Por que usar o youtube?

Marcus: Alguns anos atrás, ainda no primeiro ano da minha primeira graduação, fiz uma animação chamada “Curvelo Land”. Sim, “Curvelo Land”. Pequenas histórias. Quatro ou cinco. Pessoas explodiam, eram hipnotizadas por animais e se transformavam em folhas. Mas, o ponto era, “porquê fazer aquilo?” Talvez porque não tinha muito o que fazer e queria me expressar. Ok. Mas, e depois? Mostrei para alguns amigos, que se divertiram bastante, e em seguida para um professor. Ele, tentando dar um sentido para aquilo, me aconselhou a colocar o “filme” em festivais. Até então, não sabia que pessoas como eu poderiam participar de festivais. Sabe? “Que tipo de festival? Da faculdade?” Não. Foi aí que descobri que existiam quinze mil festivais de cinema e que pessoas como eu – amadoras e sem dinheiro - poderiam participar de alguns menos disputados. O problema é que você não consegue ser selecionado na maioria dos festivais. E você tem um círculo íntimo de 10, 20 amigos. Pouca gente via o filme. Aquele filme ficava guardado pra você mostrar aos primos quando viessem te visitar no seu aniversário. Acho que esse é um exemplo do tão falado problema de distribuição do cinema nacional. Em escalas extremamente inferiores, tratando-se de “Curvelo Land”, claro.
Isso foi em 2005. O Youtube foi lançado naquele ano, mas só fui conhecê-lo em 2006. Acho que explodiu em 2007. O Youtube é fantástico. A possibilidade de qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, assistir ao seu trabalho é fenomenal. Não existe ferramenta de distribuição mais poderosa do que esta. Além da divulgação, do fácil acesso a milhões de internautas, ainda existe a possibilidade de relacionamento com outros usuários. Quando mais gente com você, melhor.

JT: Conhece outras ferramentas de compartilhamento de vídeos?

Marcus: Vimeo, Myspace, são os que me lembro agora.


JT: Quando produz já pensa em postar no Youtube, pensa na ferramenta ou apenas coloca os vídeos sem nenhuma intenção específica?

Marcus: Admito que somente este ano passei a refletir sobre o poder do Youtube. Somente agora, estou filmando com a intenção de disponibilizar os vídeos lá. Há algumas semanas, por exemplo, postei um vídeo que havia filmado no mesmo dia. Antes, quando pensava em filmar alguma coisa, o foco era nos festivais independentes e universitários. Mas, também depende do contexto. Estou filmando um documentário chamado “Como ser Comercial”. Ele fala sobre a venda do caráter, alegria, capacidade intelectual, beleza, sobre as coisas que vendemos e que não são palpáveis. Coisas que são transmitidas através de gestos, palavras e intenções. Todas as coisas que vendemos com o intuito de obter sucesso profissional, amoroso, espiritual e social por sabermos - ou acharmos - que precisamos competir com as pessoas para conseguir todas estas coisas. Há alguns meses venho postando lições comerciais no Youtube. Vídeos de até 5 minutos com lições que “ensinam” a conquistar alguém, ser um músico comercial e relacionar-se de maneira comercial com os amigos, por exemplo. Isso funciona quase como um teaser para o filme.


JT: Utiliza o YouTube como portfólio?

Marcus: Utilizo. É mais prático. No começo era mais informal, como: “Olha o meu canal do youtube”. Hoje em dia é mais comum e quase regra entre as pessoas que trabalham com isso.


JT: Já recebeu algum tipo de retorno pelo trabalho divulgado no site?